segunda-feira, 13 de julho de 2009

Anyone can play guitar

Hoje, dia 13 de julho, é o Dia Mundial do Rock e, claro, não poderia passar despercebido.

Antes de qualquer coisa, é bom saber porque, afinal de contas, o dia 13 de julho foi escolhido para ser o Dia do Rock:

"Em 13 de julho de 1985, Bob Geldof organizou o Live Aid, um show simultâneo em Londres, na Iglaterra, e na Filadélfia, nos Estados Unidos. O objetivo principal era o fim da foma na Eitópia e contou com a presença de artistas como Status Quo, Led Zeppelin, Dire Straits, Madonna, Queen, Joan Baez, David Bowie, B.B. King, Mick Jagger, Sting, U2, Paul McCartney, Phil Collins (que tocou nos dois lugares), Eric Clapton e Black Sabbath.

Foi transmitido ao vivo pela BBC para diversos países e abriu os olhos do mundo para a miséria no continente africano. Vinte anos depois, em 2005, Bob Geldof organizou o Live 8 como uma nova edição, com uma estrutura maior e shows em mais países com o objetivo de pressionar os líderes do G8 a perdoarem a dívida externa dos países mais pobres e erradicar a miséra no mundo.

Desde então o dia 13 de julho passou a ser conhecido como Dia Mundial do Rock."


É claro que não é todo mundo que gosta de rock, eu entendo. Não se pode agradar a gregos troianos. A questão é: é possível ignorar a importância histórica do rock?

Não. Assim como não é muito provável encontrar alguém que nunca, em toda a sua vida, tenha ouvido rock, mesmo sem querer. No ônibus, no mp4 de um amigo, numa propaganda, num filme. Não tem pra onde fugir.

Não lembro qual foi a primeira vez que eu ouvi, nem quando comecei a reconhecer aquilo que eu ouvia como um ritmo e a gostar dele, mas quem me abriu as portas para o rock e para a música em geral foram os Beatles.

Eu cresci ouvindo Beatles, por causa do meu irmão que já gostava. O resultado disso foi que aos dez ou onze anos eu já sabia mais sobre a banda do que ele e já tinha ouvido os cd’s que tinham lá em casa milhares de vezes. Eu sabia (e ainda sei) de cor cada música, cada arranjo, cada refrão, cada voz que ia aparecer. Como eu escrevi uma vez na comunidade do Lado e. : “ouvir Beatles é como voltar pra casa depois de um dia cansativo”.

Acho que já deu pra perceber, tanto pelos posts quanto pela minha paixão por Beatles, como eu gosto do rock inglês. É inegável que o rock britânico tem uma qualidade absurdamente incrível. Não que o de outros países seja ruim, mas as coisas que vêm lá da terra da rainha tem um quê a mais que eu nem sei explicar. Mas, apesar de tudo isso, é bom lembrar que o rock em si nasceu nos EUA. Blues, folk, country, jazz... Tudo isso se misturou, se reinventou, se tornou esse ritmo. Não dá pra esquecer do berço do rock, não é?


(Little Richard, Chuck Berry, Bill Haley & His Comets e Elvis Presley)

Lembro que, lá por volta dos meus treze anos, eu ouvia falar que o rock estava morrendo. Nessa época eu já pegava briga por causa do Kurt (porque, como sempre, tinha gente que desprezava toda a música do cara porque ele se drogava e tinha se matado), já me sentia meio alien por ser a única garota na escola que gostava de Beatles naquela idade, quando as outras ouviam Backstreet Boys e Spice Girls (nada contra, é só pra exemplificar como era diferente). Aliás, Nirvana também foi uma das primeiras bandas que me mostrou o incrível mundo do rock e suas variações.

Eu via surgir as bandas indie, quando ainda nem eram chamadas assim. Aprendia a reconhecer os vários sub-gêneros, começava a escrever os primeiros artigos sobre isso e guardava. Hoje eu podia pegar tudo aquilo que escrevi e ver o que pensava, se dava pra aproveitar, mas deixa pra lá. Foram tempos tão bons, de tanta descoberta, que o que eu tenho a fazer é deixá-los em paz.

Enfim... eu ouvia dizer que o rock estava morrendo, e não concordava. E ainda não concordo. Digo e repito, não há nada que se reinvente mais que música. Já se passaram uns cinquenta anos desde que o rock nasceu e até hoje ele é reconhecido. Seja qual for o sub-gênero, quando você ouve, você sabe que é rock, não importa o quanto tenha mudado.

Pra falar a verdade, eu acho que o que muda mesmo é a geração. Porque, vamos pensar bem, o que era a juventude nos anos cinqüenta? Era só uma fase. Não existia de fato uma cultura jovem. Então surgiu aquele ritmo que os mais velhos consideravam indecente e reprovavam. Surgiram ídolos. Formou-se a cultura jovem. Nos anos sessenta, as garotas se descabelavam loucamente nos shows dos Beatles e Rolling Stones, eles apareciam na televisão, no programa do Ed Sullivan, os primeiros todos bonitinhos e cantando iê-iê-iê dentro de terninhos e os outros cantando I Can’t Get No (Satisfaction) e conquistando a revolta dos pais das mocinhas. Ídolos. E olha que ainda surgiram Janis Joplin e Jimi Hendrix.

(Jimi Hendrix, Janis Joplin, Rolling Stones, The Doors, The Who e The Kinks)

Desde o ínicio, o rock participou ativamente e presenciou as grandes transformações da juventude. Ele estava presente lá nos anos setenta, quando surgiu o hard rock, o movimento punk na Inglaterra, o heavy metal, Raul Seixas aqui no Brasil...

A década oitenta, da “geração desiludida”, produziu muita coisa boa. Temos Queen, o momento pop de David Bowie, o glam rock, o amadurecimento do heavy metal com bandas como Iron Maiden, Judas Priest, Metallica e Ozzy Osbourne... No Brasil, começava finalmente uma explosão de boa qualidade: Cazuza, com o rock a la MPB, Legião Urbana e a influência punk, Ultraje a rigor, Paralamas do Sucesso, Titãs, Capital Inicial...

(Iron Maiden, Queen e Legião Urbana)

Anos noventa, finalmente. O “renascimento” do rock com o Nirvana, o grunge de Seattle. Tivemos Guns ‘N Roses, um bom exemplo da sonoridade americana. Pearl Jam, Alice In Chains, Oasis... Radiohead! O experimentalismo. A morte de Cazuza, Renato Russo, Freddie Mercury, Kurt Cobain...

(Radiohead, Guns 'N Roses e Nirvana)

Chegamos aos anos 2000 e aí fica a questão da suposta decadência do rock. O que eu acho é que é aquele objetivo inicial que se perdeu um pouco. Porque o rock era transgressão. Era uma revolução, uma forma de quebrar regras, com ou sem violência, mas quebrá-las. Estamos vivendo numa geração que não tem mais esse sentimento de que é necessário se revoltar, lutar pelos seus direitos. Temos jovens acomodados, que preferem assistir televisão e passar o dia na internet do que se importar realmente com o que está acontecendo. Não existem mais regras pra serem quebradas.

Mas... o rock não morreu. Todo dia surgem novas bandas, com novos sons e novas propostas. Li em algum lugar, acho que foi no Rocktown Downloads, que a tendência do rock agora é um som mais eletrônico. Realmente, é o que se tem visto desde Ok Computer.

Muita gente, mas muita mesmo, ainda guarda uma imagem completamente errada do rock. Conheço pessoas que, por causa do visual das bandas de heavy metal, acha que tudo quanto é banda de rock é satânica. Outra pensam que tudo que vem dos anos sessenta é o iê-iê-iê. Outras ainda acham que todos, absolutamente todos, os roqueiros se drogam e morrem de AIDS. Ou ainda que o rock incita a violência e o suicídio ( ! ). Isso acontece porque elas ouvem ou vêem alguma banda isoladamente e resolvem estereotipar todas as outras. Dá pra estereotipar algo tão variado quanto um estilo musical? Claro que não. Abram suas mentes.

Deixei de citar muitos nomes e sub-gêneros, até porque são tantos que nem cheguei perto de conhecer todos. Mas o que importa é o interesse por procurar a informação e tentar entender um pouco mais dessa grande revolução cultural que já dura cinqüenta anos e não pára nunca.

Mas e daqui a vinte anos, quais serão os ídolos? Quais bandas ou artistas serão tão lembrados quanto Led Zepellin e Queen, por exemplo? Quais dessas novas vertentes sobreviverão?

Só sei de uma coisa. Que nesses anos que se passaram e todos os outros que eu ainda vou viver (espero que seja no mínimo uns cem), ainda tenho muita coisa pra descobrir e ouvir. Não há coisa mais apaixonante do que música. Eu acordo e coloco os fones no ouvido, passo o dia todo ouvindo alguma coisa, sinto falta das quatro caixas de som do computador (agora tá só com duas), vou dormir e tenho que ouvir música, seja lá qual for a hora. E onde toda essa paixão começou? Com o rock.

9 comentários:

Unknown disse...

Anyone can play guitar...
Boa musica do Radiohead....
Pena que isso seja uma verdade... é desolador vê um garoto pegando numa guitarra para tocar Panic At The Disco, Simple Plan, Paramore...

Larissa disse...

Perfeito. Perfeito. Perfeito...
seu post e o Rock!
Cara, apesar de eu ser uma reviravolta musical, uma loucura de ritmos e de eu ter sido fã dos Backs (shaushaushuash) não imagino o mundo sem rock.

bjos
;**

Lucas Igor disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pattinha disse...

você disse tudo.
o rock é paixão.
eu não sei desde de quando, mas meus amigos já desistiram de ouvir o meu mp3 por conta dele lol

e até hoje eu sou meio grunge, ah pearl jam e nirvana!

beijo*

Homero luz disse...

Nosa se lugares como esse e o blog sa larissa hoje ia passar desapercebido para mim, só para constar a minha primeira experiencia com rock foi engeheiros do hawai. mas claro que eu não conheço um décimo do que tu conhece de musica.

Larissa disse...

and ever, and ever
shuasuahsuahs

;*

Lucas Igor disse...

Acompanhar a trajetória da maior revolução cultural de todos os tempos é tbm analisar os interesses e ideais da juventude daquele tempo.Com o rock podemos nos libertar, gritar, criticar ou simplesmente nos divertir e curtir.É algo que não envelhece, que não morre.
Algo pra sempre.



Só ela pra dar uma visão tão perfeita de um assunto tão vasto.

Atreyu disse...

Chuck Berry,Janis Joplin,Radiohead

um post com eles juntos? @_@
morri

Felipe Muniz disse...

Sensacional! Seu post está ótimo, li rapidinho e fiquei puto pq não tinha mais! Muito bom esse resumo sem frescura do rock, informação e opinião sem perder a postura! PARABÉNS!

E VIVA O ROCK, PORRA!

 

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