sexta-feira, 24 de julho de 2009

Trilogia From Brazil - Parte II: Mombojó

Aviso: os links estão horrivelmente azuis, mas não é culpa minha, ok? Já tentei consertar de tudo quanto é jeito, mas não funciona, e isso está acontecendo com o .status quo. também. Se alguém souber como resolver, avisa, tá?


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Mombojó é from Recife, e de lá trouxe o sotaque. Sabe como é, sotaques sempre me conquistam – como em Gogol Bordello. Acho que trazem uma personalidade ao som.


Muito bem. A banda Mombojó foi formada em 2001 e em 2003 recebeu recursos do Sistema de Incentivo à Cultura da Prefeitura de Recife pra produzir o primeiro álbum. Nadadenovo (2004) é uma pérola da música brasileira recente. Como outros tantos artistas vêm fazendo, eles disponibilizaram o álbum para download no site oficial da banda. Contratados em 2005 pela Trama, lançaram um ano depois o segundo álbum: Homem-Espuma.


Mas, como nem tudo é perfeito, em julho de 2007, O Rafa – que tocava flauta, trombone e violão – morreu de enfarto aos 24 anos (!) e, no início de 2008, Marcelo Campello sai da banda.


Com muita – mas muita mesmo – influência da bossa-nova, e misturando ritmos como surf music, samba e jazz, o Mombojó faz um som elegante, maduro e de muita qualidade. A flauta que entra em músicas como Tempo de carne e osso e Duas cores é um primor. A mistura de ritmos não é estranha, pelo contrário, se encaixa perfeitamente. Eu fiquei realmente surpresa quando ouvi. A voz do Felipe S. me lembra um pouco a do Nando Reis, e o som está mais pra uma bossa-nova-eletrônica-meio-surf a la Los Hermanos do que pra um rock-rasgadinho-meio-Malhação tipo Moptop. Aliás, não são poucas as bandas que recebem influências de Los Hermanos por aqui.


Pois é. Eu gostei muito mesmo de Mombojó. Pra você ter uma noção de como eu achei bom: quando ouvi pela primeira vez, foi como no dia em que a discografia do Los Hermanos caiu do céu em minhas mãos [depois explico isso melhor].


Bom, há quem chame Mombojó de rock alternativo, de indie, de surf music... Pra mim, é MPB. Rótulos à parte, é bom e pronto. E é disso que o cenário nacional tá precisando: criatividade aliada ao que vem daqui mesmo. Porque de música pra gringo ouvir já basta, né?

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Belle and Sebastian

Enquanto a parte dois do From Brazil não sai, vamos de B&S.


Belle and Sebastian foi mais uma das descobertas que eu fiz através do cinema. Depois de assistir Juno, eu fui atrás da trilha sonora do filme e nela havia duas músicas deles. E eu adorei. Então, algum tempo depois fui atrás dos cd’s e ouvi o Dear Catastrophe Waitress (2003).


Na época, aconteceu a mesma coisa que eu já citei aqui no post do Radiohead: eu não gostei imediatamente. Assim como o Pablo Honey, esse álbum do Belle and Sebastian ficou “na geladeira” até meu gosto musical amadurecer. Só ouvindo depois de algum tempo foi que eu percebi como era bom.


Belle and Sebastian foi o nome dado em homenagem a Belle et Sébastien, um livro infantil do escritor francês Cécile Aubry que narra a história do menino Sébastien e seu cachorro Belle. A banda se formou quando Stuart Murdoch e Stuart David (este saiu da banda algum tempo depois) se encontraram em janeiro de 1996 e começaram a tocar juntos. Murdoch, no entanto, precisava de um trabalho de conclusão de curso na faculdade, então eles juntaram mais alguns amigos e gravaram um single para esse trabalho. Já que o negócio foi bom, resolveram gravar um disco, o Tigermilk, que saiu em julho do mesmo ano. Apenas mil cópias, todas em vinil. Uma raridade. [alguém tem? quer vender por menos, bem menos, que 400 euros? tô aceitando.]


Pela Last.fm: Tinham planos de gravar dois discos e se separarem, porém, algo começou a acontecer. A crítica inglesa passou a endeusá-los, mas ninguém conseguia imagens ou entrevistas da banda, o que aumentou ainda mais o culto. Os escoceses receberam inúmeras propostas de gravadoras grandes, mas, com medo de perder a liberdade criativa, assinaram com a pequena Jeepster.


Bom, hoje em dia as coisas não estão mais tão mistificadas assim. Eles assinaram com outras gravadoras (inclusive lançaram quatro álbuns e alguns EP’s pela gravadora brasileira Trama), deram algumas entrevistas, fizeram turnês e até gravaram uns clipes.


Belle and Sebastian fazem o tipo de som fofo [isso mesmo] que você ouve sorrindo. Pode não agradar imediatamente os roqueiros de plantão, mas pode dividir sua vida em antes e depois de B&S também. Só não se deixe enganar completamente por toda essa atmosfera fofa e leve, porque as letras não são nada inocentes. Meio difícil definir o que é esse som, pois não é rock, nem folk, nem pop, nem nenhuma outra grande classificação comum. Na falta de definição melhor, são indie. Simples assim.


Difícil dizer qual o melhor álbum, cada qual diz que é um diferente. Pra mim, é o Dear Catastrophe Waitress, o primeiro que ouvi. Mais influenciado pelos anos setenta, com coisas lindas como Piazza, New York Catcher e Asleep on a Sunbeam. O If You’re Feeling Sinister (1996) também é um primor, porque você não pode morrer antes de ouvir Get Me Away From Here, I’m Dying e The Fox in the Snow. O importante é conhecer essa maravilha, porque, se me permitem a figura de linguagem estranha quando o assunto é música, Belle and Sebastian exala qualidade por todos os poros.



Álbuns de estúdio:


Tigermilk (1996)

If You’re Feeling Sinister (1996)

The Boy with the Arab Strap (1998)

Fold Your Hands Child, You Walk Like a Peasant (2000)

Storytelling (2002)

Dear Catastrophe Waitress (2003)

Push Barman To Open Old Wounds (2005)

The Life Pursuit (2006)

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Trilogia From Brazil - Parte I: Moptop

Na madrugada de anteontem, restando apenas duas horas para que o meu sono viesse e desesperada pra ouvir algo novo, eu fiquei fuçando no lado e. até encontrar uma banda que eu vivia me prometendo ouvir, mas nunca ouvia: Moptop. Nessa mesma madrugada, também ouvi mais duas outras bandas brasileiras recentes, e pensei que seria legal fazer logo uma série pra elas. Daí surgiu essa trilogia From Brazil (título tosco, não?).


Todo mundo sabe que o Brasil produz música de qualidade. Aliás, assim como a Grã-Bretanha (que comparação, hein!), nós temos uma capacidade natural de produzir um som agradável. O problema é que muitas vezes algumas bandas não passam disso: são apenas agradáveis. Nada mais.


Eu defendo que cantor brasileiro tem que cantar em português. Que a Mallu Magalhães deve esquecer um pouco a estátua do Bob Dylan e os óculos esquisitos e aproveitar a voz em músicas em português, investir num som mais brasileiro.


Mas o assunto agora não é exatamente esse.


Moptop é uma banda carioca de rock alternativo formada em 2003. Eles já têm uma boa notoriedade, e não é só aqui: já abriram shows de bandas importantes como Interpol, Oasis e Keane. Ganharam uma porrada de prêmios, foram colocados entre as cinco melhores bandas do mundo (!), e tudo o mais. Como outras tantas bandas, começaram cantando em inglês, com o nome de DeLux. Só em 2004 foi que mudaram o nome da banda para Moptop, em homenagem ao corte de cabelo dos Beatles.


Eles são bons mesmo. Quando começou a tocar a primeira faixa do álbum (Moptop, 2006), a primeira coisa que me veio à cabeça foi: The Strokes! Pois é. Tem as guitarras dos Strokes, a batida pausada do Franz e um vocal a la Los Hermanos, com uma pitada de Ramones pra completar a mistura.


Na minha opinião, a banda emplacou "fácil" porque a fórmula é a de sempre: um som legal aliado à letras fáceis que se encaixam na Malhação. Não estou dizendo com isso que Moptop é ruim ou sem graça. Eu gostei mesmo. Só não engoli direito essa influência enorme de Strokes, mas eu supero.


Afinal, eles só lançaram dois álbuns até agora e têm tempo de sobra pra dar uma amadurecida básica no som. Já começaram bem. Se fosse pra dizer alguma característica que os difere de outras bandas, eu diria que é a voz do Gabriel Marques. Gosto desse tom meio abafado, e às vezes um tanto rasgado, que faz a diferença.


O Brasil não ia ficar de fora dessa onda indie, não é? Se bem que hoje, isso virou generalização. Qualquer coisa é chamada de indie. De um jeito ou de outro, esse som marcou a década e gerou suas crias. Vamos ver o que nos aguarda nos próximos dez anos.


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Na próxima parte: Mombojó [que eu adoro]

 

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